A fé é indispensável, essencial à vida humana. Todos os homens têm seus pressupostos, os quais nada mais são do que uma confiança preliminar em algo que determina a leitura, interpretação e compreensão dos fenômenos observados. O perigo sempre evidente – pelo menos para quem está de fora – é sobrepor nossas teorias às evidências, falseando-as.
Sem percebermos, nos tornarmos cativos de nossa perspectiva e, portanto, da nossa percepção. Como obviamente não conseguimos ter “todas as visões”, permanecemos, de certo modo, cativos de nossa perspectiva, em outros termos: prisioneiro de sua percepção.
Esta coluna pretende abordar os epicentros mais estranhos do tema “Fé, muitas vezes desequilibrada” e a ciência ateia que quase sempre busca denegrir sentimentos inexplicáveis de origem religiosa.
Nem sempre é fácil submeter os nossos valores ao rigor daquilo que cremos. Como o cientista tem dificuldade em revisitar os seus paradigmas, nós também temos dificuldade em rever a nossa cosmovisão. É muito difícil – talvez por ser doloroso demais – aplicar e avaliar em nosso próprio sistema as implicações do que sustentamos. Podemos, sem nos darmos conta, nos ferir com as nossas próprias armas, que julgávamos ser bisturis. Aliás, o mau uso do bisturi pode ser fatal, assim como o “fogo amigo” nas guerras. O antidogmatismo pode se constituir num dogma.