O advogado e ex-desembargador Sebastião Coelho anunciou, nesta quinta-feira, que não representa mais o ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins. A decisão ocorre dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornar Martins réu por envolvimento em uma suposta trama golpista.
Coelho alegou motivos de saúde para sua saída, mas afirmou que acreditava na rejeição da denúncia contra seu então cliente:
— Minha expectativa era de que a denúncia contra Filipe Martins fosse rejeitada, que um processo não fosse sequer iniciado. É um absurdo completo — ele declarou. — Esse moço é completamente inocente. Segundo o ex-desembargador, a possibilidade de deixar a defesa já havia sido comunicada à equipe, caso a denúncia fosse aceita:
— Tenho a necessidade de cuidar de dois assuntos pessoais, sendo um deles relacionado à saúde.
Fora da atuação formal como defensor, Coelho criticou a condução do julgamento pelo STF e afirmou que, agora como ex-advogado, poderá comentar publicamente o caso e orientar “certas situações”. Ele também reiterou seu apoio pessoal a Martins:
— Filipe é como se fosse da minha família. Continuarei a ajudá-lo, se for consultado. A partir de agora, sou ex-advogado dele, mas sigo na trincheira contra o arbítrio do ministro Alexandre de Moraes.
Na última terça-feira, Coelho foi o responsável pela sustentação oral em defesa de Martins e chegou a compará-lo a Jesus Cristo:
— Neste fim de semana celebramos a Páscoa. Filipe Martins espera que este tribunal ouça sua defesa. O processo de crucificação que Cristo sofreu, Filipe vem sofrendo desde 8 de fevereiro de 2024. Mas isso precisa acabar hoje — disse, em plenário.
Antes mesmo do julgamento, o advogado já havia se envolvido em polêmica ao tentar acompanhar, sem credenciamento, a análise de um outro núcleo da suposta trama, do qual seu cliente não fazia parte. Na ocasião, foi detido por desacato e por ofensas ao tribunal.
