O Senado Federal aprovou mais uma vez a autorização para o estado do Piauí contratar um novo empréstimo, desta vez no valor de US$ 50 milhões junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Na cotação atual, o montante equivale a R$ 250 milhões, com o Governo Federal atuando como garantidor da operação. O recurso será destinado ao “Projeto Piauí: Pilares do Crescimento e Inclusão Social II”, que, como em propostas anteriores, promete regularização fundiária, sustentabilidade e adoção de novas tecnologias. No entanto, a realidade dos piauienses segue praticamente inalterada.
A proposta (MSF 47/2024) foi aprovada em regime de urgência, a pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA), com parecer favorável apresentado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA). A justificativa do governo estadual, assim como em outros momentos, é a necessidade de financiar melhorias em áreas estratégicas como educação, saúde e meio ambiente. O problema é que essa narrativa já é antiga, e o constante endividamento não parece refletir em mudanças concretas para a população, que continua enfrentando as mesmas dificuldades de sempre.
O projeto prevê desembolsos entre 2024 e 2028 para financiar ações como a inclusão social de agricultores familiares e comunidades tradicionais, além de iniciativas voltadas à preservação ambiental e ao fortalecimento de cadeias produtivas rurais. O discurso de desenvolvimento sustentável e inclusão, embora louvável, esbarra na falta de resultados visíveis. O estado segue acumulando dívidas, enquanto os prometidos benefícios raramente chegam ao cidadão comum.
Mais uma vez, o governo aponta que o projeto beneficiará 120 mil alunos do ensino médio, professores, diretores de escolas públicas, quilombolas e pequenos agricultores. Também está prevista a criação de novos centros médicos especializados em doenças crônicas, com a promessa de realizar 40 mil consultas anuais.
Com um histórico de empréstimos sucessivos e a dívida pública crescente, o Piauí parece estar preso a um ciclo em que se promete muito, mas se entrega pouco. A realidade dos piauienses continua complicada, e os projetos financiados por esses empréstimos correm o risco de ser apenas mais um capítulo de um estado que não consegue sair da sua condição de dependência financeira.
Histórico de empréstimos:
Em 2023, Rafael Fonteles sancionou a Lei nº 8.249, que autorizava o empréstimo de R$ 2 bilhões junto ao Banco do Brasil S.A., com garantia da União, destinado a investimentos nas áreas de infraestrutura de transportes. No mês de junho de 2024 um novo pedido de empréstimo, desta vez no valor de R$ 150 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi feito no âmbito da iniciativa Sertão Vivo – Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste. Já em 17 de junho segundo o site do governo federal, o governador solicitou à Alepi um empréstimo de R$ 100 milhões para a ampliação do Metrô de Teresina.