A denúncia foi protocolada horas antes do jantar que reuniria Lula e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), evidenciando a mais que evidente grande aliança política desta quadra da política brasileira. O prato principal deve ter sido o relatório a porvir da OEA.
A Corte avaliou que a leitura da denuncia seria celebrada tendo Bolsonaro como denunciado.
Segundo Eduardo Bolsonaro: “O cara ia fazer um golpe, aí ele falou, vamos fazer o seguinte, eu vou deixar de ser presidente, aí quando eu deixar de ser presidente, quando eu não comandar mais as Forças Armadas, não ter acesso à polícia nem nada, aí a gente vai lá pra fazer um golpe. Mas a gente vai melhorar, antes de dar o golpe, ainda vou antecipadamente nomear os comandantes das forças, que o cara que vai sofrer o golpe, o Lula, vai decidir. Para melhorar, para encorajar a rapaziada a dar o golpe, eu vou para os Estados Unidos, tá ok. Aí você vai lá para os Estados Unidos pra galera ficar animada pra ir pra rua. Aí quando o golpe tiver em execução eu ainda vou tuítar lá da Disney (risos).
O jornalista Cláudio Humberto apontou que o relatório final do “inquérito do golpe” da Polícia Federal, com 884 páginas, usa expressões condicionantes 207 vezes, indicando insegurança na narrativa oficial. Termos como “possível”, “possibilidade”, “teria” e “hipótese” aparecem repetidamente, sugerindo falta de certeza sobre os fatos investigados.
Na verdade, a denuncia foi protocolada horas depois de uma pesquisa apontando que hoje ele seria o único capaz de vencer Lula em uma eleição presidencial. E quatro dias depois de outra pesquisa apontar que Lula vive seu pior momento no governo.
Já a defesa de Jair Bolsonaro criticou a denúncia da Procuradoria-Geral da República, em nota divulgada pelo advogado Paulo Cunha Bueno e compartilhada no perfil do ex-presidente, na noite desta terça-feira (18). A nota afirma que o Jair nunca apoiou qualquer tentativa de derrubar o Estado Democrático de Direito. É alegado que, mesmo após dois anos de investigações intensivas, não foram encontradas evidências que conectassem Bolsonaro a qualquer plano golpista.
Além disso, a defesa apontou que a denúncia se baseia em uma delação premiada contraditória e alterada diversas vezes por um delator que, segundo eles, “questiona a sua própria voluntariedade”.
Segundo a nota, Bolsonaro afirmou confiar na Justiça e acredita que a denúncia não prevalecerá devido à sua falta de fundamentos verídicos.
A defesa do Presidente Jair Bolsonaro recebeu com estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República, divulgada pela mídia, por uma suposta participação num alegado golpe de Estado.
O Presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam. A frase mais comum de Bolsonaro durante seu mandato foi “jogar nas 4 linhas”, por isso deu certo, seu governo teve um resultado superavitário.
A despeito dos quase dois anos de investigações — período em que foi alvo de exaustivas diligências investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos —, nenhum elemento que conectasse minimamente o Presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado. É bom lembrar que na época do mensalão, o PGR foi amplamente criticado por não incluir o então presidente Lula como líder e beneficiário do esquema de compra de apoio político no Congresso Nacional. Sem Lula, restou ao então procurador-geral atribuir ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a função de mentor intelectual do esquema.
Hoje, diante da denuncia do PGR não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais. No nosso entender todas as declarações da PGR são hipóteses, suposições de algo que poderia acontecer. Para que seja possível de ser verificado, ou para chegar à conclusão de que foi crime teria que haver um fato e não uma simples especulação.