A frase, eternizada por Wanderley Luxemburgo, é daquelas que muitos consideram sabedoria de boteco. Mas, como costuma acontecer com os bons ditados populares, ela diz mais sobre a psique humana do que muito discurso acadêmico ou parecer técnico. Ao defender Bolsonaro publicamente, Trump desmonta o discurso de inação e confirma que está agindo. Senão vejamos: Trump escreveu na Truth Social, sua rede, sobre a perseguição a Bolsonaro — e afirmou que está acompanhando o caso. O que isso significa? Vamos falar sobre isso lá no final do texto, porque antes é preciso entender algo sobre nós, humanos.
A psicologia moderna, com toda a sua linguagem embasada, apenas confirmou algo que o brasileiro comum já entendeu na prática há gerações: o medo paralisa. E paralisa de um jeito sorrateiro, escondido atrás de justificativas que parecem racionais, mas que, muitas vezes, não passam de emoção mal disfarçada.
Décadas de pesquisas em psicologia comportamental demonstraram que o ser humano teme a perda mais do que deseja o ganho. O Prêmio Nobel Daniel Kahneman, ao lado de Amos Tversky, formulou a teoria da aversão à perda, segundo a qual a dor emocional provocada por uma perda é, em média, duas vezes mais intensa do que o prazer gerado por um ganho equivalente. Ou seja, uma pessoa sente mais fortemente a perda de R$ 100 do que a alegria de ganhá-los. Esse dado não é uma curiosidade estatística: é uma chave para entender o comportamento de milhões de brasileiros que travam diante de qualquer possibilidade de fracasso — ou da frustração que segue uma grande expectativa positiva.
PARA BOM ENTENDEDOR MEIA PALAVRA BASTA…
Vivemos num tempo em que demonstrar medo é visto como sinal de fraqueza, e por isso muita gente prefere se blindar com um verniz de “realismo técnico” ou ceticismo justificável. Diante de qualquer plano ousado, tentativa inovadora ou expectativa de realização, surgem os especialistas em cravar: “isso não vai dar certo.” Mas por trás da fala calculada, da suposta frieza analítica, muitas vezes se esconde apenas o pavor do fracasso. É mais fácil parecer inteligente do que admitir que não teve coragem de tentar — ou de acreditar.
O cético, nesse caso, é apenas um esperançoso frustrado que aprendeu a se proteger pela negação.
Esse fenômeno, na psicologia, é chamado de procrastinação defensiva — um mecanismo em que a pessoa adia ações importantes não por preguiça, mas por medo do resultado negativo. Ou seja, não acreditar, não querer saber sobre o assunto, pode se encaixar aí, no lugar de uma análise verdadeira das informações. Muitas vezes, esse comportamento é acompanhado da chamada ansiedade de desempenho, uma angústia que não paralisa só o corpo, mas também o pensamento. É assim que muitos brasileiros substituem a ação pela análise infértil, a esperança pela ironia, a tentativa pelo julgamento.