Neem Indiano tem potencial no tratamento do Alzheimer e outras doenças.

Meio Ambiente

No começo do ano surgiu uma onda de que o Prefeito de Teresina, Silvio Mendes queria derrubar os milhares de pés de Neem Indiano, por tratar-se de uma árvore venenosa.

Recentemente, uma amiga minha, a Beth, moradora de um belo sítio no Eusébio ( a 30 km de fortaleza), foi pioneira no Ceará a plantar e fornecer as mudas do arbusto Neem, ou Nim (Azadirachta indica), para prefeituras, como promotor de sombra para as vias públicas de muitas cidades. Virou febre. Praticamente em todas as ruas da região metropolitana da capital alencarina você encontra um arbusto de copa fechada, bastante verde, mesmo sem água da chuva. Durante algum tempo, surgiu uma controvérsia gerada pelos curiosos de plantão, dizendo que o Nim era prejudicial à apicultura pois existia um componente químico na flor que envenenava pássaros e abelhas… Beth me liga pedido que pesquisasse se de fato o tal do Nim teria esse malefício natural ou poderia ser utilizado como composto medicinal para tratamento do alzeimher. Pesquisei, e surpreendentemente achei este estudo que mostra de fato o contrário, o arbusto tem propriedades surpreendentes.

Extrato flavonoídico, desenvolvido a partir do Nim Indiano, demonstrou potencial terapêutico no controle do Alzheimer. A descoberta é resultado da pesquisa ‘Desenvolvimento biotecnológico de extrato flavonoidico antioxidante e anticolinesterásico de Azadirachta indica A. Juss: estudos de caracterização química, análises enzimáticas e computacionais’, fruto da tese de doutorado em Biotecnologia do professor Péricles Mendes Nunes, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O estudo inovador, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), revelou a contribuição da planta contra déficits cognitivos e de memória, especialmente, no que refere ao Alzheimer.

“Este estudo amplia nossa compreensão das propriedades medicinais do Nim Indiano e mostra sua relevância para o Maranhão. Com a planta sendo uma presença significativa na agricultura, a pesquisa promete mais inovações, que podem beneficiar diretamente a saúde da população. Considero os resultados muito promissores, pois se trata de um novo processo de produção de extrato flavonoídico, que se destaca pelo seu moderado potencial antioxidante e promissor efeito anticolinesterásico”, explicou o pesquisador Péricles Nunes.

A pesquisa foi pensada após investigações sobre as propriedades terapêuticas do Nim. Reconhecida pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em 1992, como uma planta com potencial para resolver problemas globais de saúde, o Nim é amplamente conhecido por seu óleo. A substância é extraída das sementes prensadas a frio e utilizadas em inseticidas, cosméticos, medicamentos e na agricultura. No entanto, as folhas, muitas vezes subestimadas, têm mostrado relevância terapêutica em diversas regiões da Ásia e da Oceania, segundo informações etnobotânicas.

Este fitoproduto, derivado das folhas da planta, mostrou-se promissor quimicamente, in vitro e por ensaios computacionais, como um possível coadjuvante no tratamento de déficits cognitivos e de memória, especialmente em modelos animais de doença de Alzheimer.

Segundo o pesquisador, o potencial antioxidante em plantas e extratos refere-se à capacidade de neutralizar radicais livres, moléculas instáveis associadas a danos celulares e diversas doenças. “Os compostos antioxidantes presentes nessas plantas, como polifenóis e flavonoides, ajudam a proteger o corpo contra estresse oxidativo, beneficiando a saúde”, reforçou. Fruto do estudo, foram feitos depósito de duas patentes, consolidando a relevância e a originalidade do trabalho.

Apoio

Péricles Nunes apontou que o trabalho abre portas para outras pesquisas no tratamento de condições neurodegenerativas. Além de destacar o potencial terapêutico do Nim, o estudo reforça o papel fundamental da pesquisa científica e do apoio institucional, como o fornecido pela Fapema, no avanço do conhecimento e na promoção da saúde e inovação tecnológica no Maranhão. “A contribuição da Fapema se mostrou fundamental para o êxito da pesquisa, demonstrando o compromisso desta instituição com o avanço científico e tecnológico do nosso Maranhão”, enfatizou.

O presidente da Fapema, Nordman Wall, parabenizou o resultado do trabalho e destacou sua importância para avanços no tratamento de doenças neurodegenerativas. “É um estudo de muito significado para a saúde e a ciência, de maneira geral. Um impulso à posição do Maranhão na vanguarda da pesquisa científica, que lança luz sobre às riquezas biotecnológicas da região, mostrando que soluções inovadoras podem surgir de plantas milenares. O futuro parece promissor para a aplicação prática dessas descobertas, potencialmente transformando a vida daqueles que sofrem de condições cognitivas debilitantes. A Fapema se orgulha em apoiar pesquisas que farão a diferença no futuro, na vida do ser humano”, pontuou.

Ampliação

A pesquisa resultou ainda, na criação de um biorreator inovador para a produção do extrato flavonoídico, abrindo caminho para futuras pesquisas e aplicações industriais. Três desenhos industriais registrados durante o estudo servirão como referências tecnológicas, contribuindo para a construção de outros biorreatores industriais e de pesquisa. Biorreatores são equipamentos utilizados em biotecnologia para a produção de substâncias úteis, como medicamentos, enzimas ou produtos químicos, através de processos biológicos controlados.

Penso que seria importante informar ao Prefeito Silvio Mendes esta vertente da pesquisa, para evitar uma derrubada de árvores numa cidade outrora denominada de “Cidade Verde” pelo poeta maranhense Coelho Neto em 1900.

Agradecimentos ao Américo Picanço Neto, que me apresentou a Beth.

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