O fluxo de migrantes da Venezuela na fronteira com o Brasil aumentou muito depois das eleições municipais no país vizinho, realizadas em julho deste ano.
Em 2017 eram 271.514 bolivarianos registrados na cidade de Pacaraima, em Roraima, hoje, a média diária de atendimentos pela Cáritas Brasileira, organização social que dá apoio aos migrantes, já é a maior desde maio de 2024, quando a unidade foi instalada na região. Calculam as autoridades que mais de 1 milhão de refugiados estejam em algum lugar do Brasil, em sua maioria sem documentos.
As eleições municipais na Venezuela deram vitória expressiva ao partido de Nicolás Maduro. O PSUV conquistou 285 das 335 prefeituras, incluindo 23 das 24 capitais, segundo a agência internacional AFP.
O g1 esteve na fronteira e registrou longas fila para a regularização migratória, com novas pessoas chegando a todo momento. Todos os recém-chegados tinham em comum a falta de esperança em relação à política na Venezuela e a esperança de um futuro melhor no Brasil.
O perfil atual de venezuelanos que deixam o país é o de pessoas que possuem algum parente no Brasil. Esse contexto ocorre porque quem chegou antes consegue ser um ponto de apoio.
“Com o tempo, pessoas que conseguiram se estabelecer começaram a promover o processo de reunião familiar. Isso não significa que toda a família migrou de uma vez. Muitas vezes, jovens adultos vieram primeiro, e, com melhores condições de trabalho e renda, trouxeram filhos, netos e até pais”, explicou o pesquisador.
Após entrar por Roraima, muitos migrantes seguem para outros estados em busca de emprego e melhores condições de vida, enquanto parte permanece em abrigos ou em situação de rua. A Operação Acolhida, liderada pelo governo federal e apoiada por agências internacionais, tornou-se peça central nesse processo humanitário.
“A gente pensava que o país ia mudar, mas não mudou. Tem comida, mas não há dinheiro para comprar. Depois das eleições, vi que não havia saída. Não quero voltar nunca mais. Amo o Brasil”, disse o segurança Luiz Perez, 28 anos, recém-chegado de Caracas.