A Marcha da Maconha ocupou a região central da cidade de São Paulo (SP) na tarde deste sábado (14). A manifestação começou às 16h20 na avenida Paulista e seguiu até a dispersão, na praça da República. O ato reuniu cerca de 50 mil pessoas.
Esta é a primeira vez que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participa da marcha, que está em sua 17ª edição. Luciano Carvalho, da coordenação estadual da organização, afirmou que a aproximação entre os movimentos ocorre após o entendimento de intersecção das pautas.
“Aproximar-se do pessoal da marcha da maconha é compreender que, para além do uso recreativo, que também é importante, é essencial acabar com a mortandade pela discriminação e pela criminalização, perceber que o uso produtivo medicinal tem uma gama de elementos de benefícios para a sociedade. É nesse sentido que o movimento sem terra coloca suas bandeiras e inicia um diálogo e uma caminhada literalmente com o pessoal da marcha da maconha”, afirma Carvalho.
“Essa guerra às drogas é o tipo de retórica encontrada pela direita e extrema direita que não lida com problemas na sua raiz, jogando para debaixo do tapete as verdadeiras origens do problema: a concentração de riqueza. A guerra às drogas é o disfarce da extrema direita para continuar perpetuando discriminação, um programa de morte, um programa para privilegiar elites”, conclui o integrante do MST.
Com o objetivo de pautar a transversalidade da luta pelo fim da guerra às drogas, o ato foi dividido em blocos temáticos auto-organizados. Um dos mais antigos é o terapêutico, que reúne pacientes, familiares e profissionais da saúde mental.
Maria Aparecida Felício de Carvalho, cuja filha precisa de medicamento feito à base de cannabis, participa da marcha há 10 anos. “De lá para cá, tivemos avanços, mas a luta ainda tem que ser intensa, porque os avanços não podem ser direcionados somente para a indústria, é privilegiar os que já são privilegiados. Nós temos que ter uma regulamentação que tenha reparação histórica, reparação social e anistia”, diz.
“É uma luta que começou de baixo para cima, de cultivadores ensinando mães a cultivarem, mães ensinando médicos a prescreverem. Nós batendo na porta de vários políticos para ter acesso e não ser criminalizado justamente por uma planta que não faz mal a ninguém, mas que, na verdade, traz alívio”, afirma.