A imposição de tarifas comerciais entre Estados Unidos e China tende a inviabilizar o comércio entre as duas potências. Com isso, as exportações brasileiras de soja e carne bovina e suína devem ganhar mercado, mas outras commodities também podem sair vencedoras.
Na opinião do analista de mercado Carlos Cogo, o algodão e o café nacionais serão beneficiados com a continuidade do cenário de tensão capitaneado por Donald Trump e Xi Jinping, o que traz a oportunidade para o produtor avançar na comercialização antecipada.
“O Brasil já é líder global nas exportações dessas duas commodities. No caso da pluma, atingiu o posto em 2024 e se mantém em 2025, enquanto no café ocupa a primeira posição há muitos anos. Quanto ao algodão, assim como na soja, os Estados Unidos são ainda um grande supridor do mercado chinês, abastecendo em torno de 20% da demanda importadora asiática, mas, provavelmente, parte desse volume vai ser deslocado para o Brasil”, acredita.
Cogo destaca que os preços dos dois produtos se encontra, atualmente, firmes por conta da entressafra, mas já sinalizam viés de alta em decorrência da demanda extra que se avizinha.
De acordo com ele, especificamente sobre o café, o mercado criou uma “calmaria” temporária devido à suspensão de tarifas dos Estados Unidos a diversos países pelo período de 90 dias. “Mas se as tarifas forem retomadas e aplicadas [em cima de grandes produtores do grão] como no Vietnã, em 46%, e na Indonésia, em 32%, o grão robusta brasileiro, o conilon, usado para café solúvel, pode ficar mais competitivo no mercado chinês.”
A maior participação brasileira seria, assim, providencial, visto que a China é, atualmente, um consumidor emergente da bebida, tendo triplicado o consumo nos últimos 10 anos.