As medidas anunciadas pelo governo federal para conter a alta dos preços dos alimentos foram classificadas como ineficazes pelo economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Durante entrevista ao telejornal Mercado & Companhia, ele destacou que as ações terão efeitos pequenos e que a principal raiz do problema está na política fiscal do país.
“O pacote do governo não funciona e não vai ajudar a conter a inflação dos alimentos. Se tivesse sido feito um ajuste fiscal adequado no fim do ano passado, estaríamos com o câmbio mais baixo e um cenário inflacionário menos preocupante”, afirmou Vale.
O economista também ressaltou que o governo deveria aguardar os efeitos da atual safra, que deve ser recorde, reduzindo naturalmente os preços no segundo semestre. “O impacto da safra ao longo da curva de preços levará a uma desaceleração. Isso resultaria em uma inflação menor do que a do ano passado”, explicou.
Estoque regulador e incentivos
Entre as medidas criticadas está a retomada do estoque regulador de alimentos, que, segundo Vale, já se mostrou ineficaz no passado. “Isso não funcionou antes e foi desfeito porque não ajudava a população mais pobre”, afirmou.
No nosso entender o governo agiu com certo desconhecimento da matéria, uma vez que isenta as alíquotas de importação de produtos básicos como arroz, feijão, soja, café, milho, dos quais o Brasil está entre os maiores produtores mundiais… ou seja, deveria observar o mercado interno e não os produtores internacionais, que vão se aproveitar para gerar uma concorrência desleal. Alguns governos já decretaram para abril isenção de ICMS, que chega a 27% (em alguns estados) mas o que deveria ser isentado seriam os insumos, fertilizantes, e os combustíveis principal gerador de preços altos.