Falta de esgotamento sanitário coloca 3 cidades do CE entre as 40 piores do Brasil

Ceará

A garantia do direito ao saneamento básico – acesso à água, coleta de lixo e rede de esgoto – ainda é um desafio para as três maiores cidades do Ceará. Fortaleza, Caucaia e Juazeiro do Norte se posicionam entre as 40 menores notas no Ranking do Saneamento 2025, divulgado pelo Instituto Trata Brasil ontem, terça-feira (15).

O estudo considera os indicadores mais recentes do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), publicado pelo Ministério das Cidades em 2023, e avalia os 100 municípios mais populosos do Brasil, dando a eles uma nota de 0 a 10. Entre eles, estão os três cearenses:

  • Fortaleza: 62ª posição, com nota total de 7,19;
  • Caucaia: 79ª posição, com nota total de 5,51;
  • Juazeiro do Norte: 85ª posição, com nota total de 4,43.

Para os resultados, o ranking analisa a cobertura de distribuição de água e de acesso à rede de esgoto nas populações urbana e rural dos municípios. Nas três cearenses, os indicadores de acesso à água avançaram, em relação ao ano anterior, mas a ausência de ligação das residências à rede de coleta de esgoto ainda representa um gargalo significativo.

Na quarta cidade mais populosa do Brasil, a cobertura de rede de esgoto saltou de 49,9% em 2019 para 66,5% em 2023. Fortaleza fez o 3º maior investimento do Brasil em saneamento, entre 2019 e 2023, com R$ 1,8 bilhão, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Em Caucaia, na Região Metropolitana, o cenário piora: apenas 42% da população tem a casa conectada à rede de esgoto. Considerando apenas a zona urbana do município, a cobertura é de 47%, de acordo com os dados do ranking. Em resumo, mais da metade (58%) dos caucaienses não têm acesso ao esgotamento sanitário.

A situação mais alarmante, porém, é de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri. A cidade é a 10ª pior do Brasil em número de população com rede coletora de esgoto. Em 2023, apenas 27% dos moradores tinham acesso ao sistema de esgoto, número que sobe ligeiramente (28,53%) se recortada apenas a área urbana.

No Ceará, a rede de esgotamento é manejada por uma parceria público-privada entre a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e a Ambiental Ceará. Para Fábio Arruda, diretor executivo da Ambiental, o saneamento “ficou para trás” no Brasil, com 50% de coleta e tratamento de esgoto, e esse cenário é replicado em todos os estados.

Ele destaca que, nas 24 cidades cearenses onde a Ambiental atua, cerca de 180 mil imóveis têm acesso à rede coletora de esgoto, mas não estão conectados. “O pessoal possui a infraestrutura, mas de alguma forma está causando degradação ambiental, seja com fossa séptica, seja com lançamento in natura nos nossos rios e córregos”, afirma.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *