Além do “papel central” do deputado federal Junior Mano (PSB) no esquema de desvio de emendas parlamentares, as investigações da Polícia Federal (PF) revelaram que o grupo criou uma espécie de “pedágio” — ou “imposto” — sobre os recursos públicos enviados às prefeituras. Na prática, esses valores eram desviados para irrigar os cofres da organização criminosa.
Essas informações aparecem na decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e serviram para embasar a autorização do magistrado para a operação Underhand, deflagrada pela PF na manhã da última terça-feira (8).
Ao todo, os agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio, no Ceará. Eles também foram a endereços do parlamentar em Brasília. De acordo com a PF, as provas colhidas até agora apontam, “com clareza, a participação central do deputado federal Junior Mano como figura estruturante de uma organização criminosa voltada à utilização indevida de recursos públicos e à manipulação de processos eleitorais em diversas cidades cearenses”. Além da atuação política, o parlamentar é considerado pelos investigadores como um “operador ativo da engrenagem criminosa”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) havia autorizado, no dia 24 de junho, a abertura de investigação contra três outros nomes da bancada cearense no Congresso, em processo sobre desvio de emendas parlamentares no Ceará, após terem sido citados no caso. Além de Junior Mano (PSB), alvo de operação nesta terça-feira (8), a apuração da Polícia Federal (PF) chegou a Eunício Oliveira (MDB), Yuri do Paredão (MDB) e José Guimarães (PT), este líder do Governo Lula na Casa.