O governo da Argentina, sob a liderança do presidente Javier Milei, firmou um acordo com os Estados Unidos para a aquisição de oito veículos blindados Stryker M1126 8×8, destinados ao Exército Argentino, em substituição à proposta anteriormente feita pelo Brasil, que previa a entrega de 156 blindados Guarani. O novo acordo foi assinado durante uma visita oficial do ministro da Defesa argentino, Luis Petri, ao Pentágono, em Washington. Segundo comunicado do Ministério da Defesa da Argentina, os veículos foram inspecionados em junho e encontram-se em pleno estado operacional. A primeira remessa sairá de uma unidade logística do Comando de Material do Exército dos EUA, localizada na cidade de Tacoma, no estado de Washington.
Durante o anúncio, Petri declarou que a iniciativa representa uma aliança estratégica entre os dois países e reforçou o compromisso da Argentina com valores democráticos. O acordo inclui não apenas blindados, mas integra uma política de aquisição militar que já engloba 24 caças F-16 e poderá incluir duas aeronaves KC-135 Stratotanker.
O analista de Defesa Juan José Roldán, em entrevista à agência Sputnik, afirmou que os Estados Unidos são, há décadas, os principais fornecedores militares da Argentina, e que essa tendência se manteve mesmo sob administrações argentinas com distanciamento diplomático de Washington. Segundo ele, o alinhamento mais próximo do governo Milei tem facilitado o acesso a equipamentos e exercícios militares conjuntos.
O analista alertou, no entanto, para o risco de que a compra dos Stryker configure apenas uma aquisição pontual, sem impacto significativo no cumprimento das metas do Exército argentino, que solicitou no projeto orçamentário de 2025 a incorporação de 209 blindados. Esse projeto não foi aprovado pelo Congresso, o que compromete a ampliação das compras.
A proposta brasileira, firmada em janeiro de 2023, previa a entrega de 156 blindados Guarani 6×6, distribuídos entre veículos de transporte de pessoal (120 unidades), combate de infantaria (27) e posto de comando (9). Essa negociação foi suspensa devido à crise fiscal enfrentada pelo governo de Alberto Fernández e à mudança de política externa promovida por Milei, que resultou em maior aproximação com os Estados Unidos.
Além dos custos de aquisição, Roldán destacou os gastos futuros com operação e manutenção como fatores decisivos para a sustentabilidade do programa. Ele alertou que o país já enfrentou experiências limitadas em compras anteriores, como a aquisição de quatro blindados da chinesa Norinco, que não resultou em expansão da frota por falta de recursos adicionais.
O especialista também ressaltou a deterioração das condições das Forças Armadas argentinas, agravada pela ausência de orçamento aprovado e cortes em benefícios e salários, o que pode comprometer a capacidade de absorver novos sistemas militares com eficiência operacional.
*Com informações da Sputnik News.