Projeto do trem-bala Rio–Sampa consumiu bilhões desde 2007 e nunca saiu do papel. Promessa de viagem em 1h30 segue sem previsão de virar realidade.
O Brasil já sonhou em ter um trem-bala digno das potências asiáticas e europeias. Anunciado em 2007, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto previa uma linha ferroviária de 511 km de extensão, conectando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A promessa parecia revolucionária: reduzir o tempo de viagem entre as duas maiores cidades do país de quase 6 horas de carro para cerca de 1h30 de trem, com conforto, velocidade de até 350 km/h e integração com aeroportos.
Era o início de um plano ambicioso para colocar o Brasil no mapa das nações com transporte ferroviário de alta velocidade. Mas, quase duas décadas depois, o projeto segue apenas no papel.

Bilhões em estudos e nenhuma obra iniciada
Entre 2007 e 2017, o governo brasileiro gastou bilhões em estudos de viabilidade, consultorias e criação de órgãos estatais para tocar o projeto. A ETAV (Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade) chegou a ser criada exclusivamente para essa missão.

No entanto, as licitações fracassaram. Em 2010, nenhuma empresa apresentou proposta para construir o trecho. O motivo era claro: o custo astronômico, estimado em R$ 36 bilhões na época, que com o tempo foi sendo revisado para mais de R$ 60 bilhões.
Com a falta de interessados e o aumento das incertezas econômicas, o projeto acabou sendo engavetado. A ETAV foi oficialmente extinta em 2017, enterrando a primeira tentativa concreta do trem-bala. Uma promessa que nunca morreu
Mesmo com os fracassos, a ideia do trem-bala nunca desapareceu completamente. Em 2022 e 2023, novos estudos voltaram a ser mencionados em reuniões do BNDES e do Ministério da Infraestrutura, prevendo um modelo de concessão à iniciativa privada.