A CPMI do roubo no INSS: mais uma pizza?

Política

Tradicionalmente, CPIs e CPMIs no Brasil acabam em “pizza”, ou seja, em nada. Mas a que vai investigar o maior roubo da história contra aposentados e viúvas do INSS não pode seguir esse roteiro. A sociedade deposita todas as esperanças de que ela seja diferente, afinal os valores desviados variam de R$ 6,3 bilhões até R$ 90 bilhões — uma sangria bilionária em cima dos mais frágeis: os idosos e pensionistas.

A lista de suspeitos é extensa e comprometedora. Envolve ministros, presidentes do INSS, dirigentes de associações e sindicatos que deveriam defender os aposentados, mas que se revelaram cúmplices do saque. Entre eles, nomes graúdos como José Ferreira da Silva, o Frei Chico — irmão mais velho de Lula — que de frei não tem nada, mas que aparece como vice-presidente de uma entidade acusada de desviar mais de R$ 600 milhões dos recursos da Previdência.

 governo Lula 3 já se mobiliza para blindar aliados, ativando a máquina administrativa e a base no Congresso para evitar que figuras como Frei Chico, o ministro Wolney Queiroz (atual titular da Previdência) e o ex-ministro Carlos Lupi tenham que encarar a luz do dia. O detalhe é que Lupi e Wolney foram informados das fraudes um ano antes do escândalo estourar na imprensa. Silenciaram. Foram cúmplices por omissão.

A CPMI tem mais de 1.000 requerimentos já protocolados. Só na sessão inaugural, marcada para esta quarta-feira (27), devem ser votados pelo menos 35, incluindo pedidos de convocação de ministros, ex-presidentes do INSS, sindicalistas e até de quebra de sigilo bancário e fiscal de envolvidos. O relator, deputado Alfredo Gaspar, promete “identificar todos os ladrões, vê-los na cadeia e o dinheiro devolvido”.

O desafio é imenso. O histórico brasileiro mostra que poderosos raramente pagam pelos crimes que cometem, sobretudo quando contam com a blindagem do Estado. Mas desta vez há um componente extra: a indignação popular. Não se trata apenas de corrupção; trata-se do saque à velhice, ao direito de quem trabalhou a vida inteira e hoje sobrevive com pouco.

Se a CPMI realmente funcionar, poderá abrir uma ferida profunda no governo e no PT, mostrando como a máquina da Previdência foi transformada em balcão de negócios. Se virar mais uma pizza, confirmará o que muitos já temem: de que no Brasil, até o roubo dos velhinhos e viúvas pode ser “normalizado” pela política.

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