A presença de um grande depósito de terras raras em uma cratera de um vulcão extinto em Poços de Caldas (MG), no Sul de Minas Gerais, considerado um “unicórnio” da mineração, levou a uma “especulação imobiliária” por áreas que podem conter estes minerais.
Nos anos de 2023 e 2024, logo após o anúncio de que empresas australianas estavam investindo para minerar a região, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu mais de uma centena de pedidos de pesquisa de terras raras na cratera e seu entorno, o equivalente a um terço de todas as autorizações de pesquisa para estes minérios concedidas para Minas Gerais no período.
Terras raras são um conjunto de 17 minérios de difícil extração, considerados estratégicos para as áreas de tecnologia e energética. Estes compostos são alvo de disputas comerciais entre China e Estados Unidos. No fim de julho, os EUA manifestaram desejo de fazer acordo com o Brasil para obter os minerais.

A cratera do vulcão – também chamada de planalto – de Poços de Caldas possui cerca de 800 km², a maioria coberta com argila contendo íons de terras raras. A área engloba, além de Poços, os municípios mineiros de Andradas, Caldas e o município de Águas da Prata em São Paulo. A região é considerada um “unicórnio” da mineração devido ao tamanho da jazida, capaz de abastecer 20% da demanda mundial, e à facilidade de extração, uma vez que os minérios estão próximos à superfície do solo. Além das centenas de pedidos de pesquisa de solo, empresas estão fazendo sondagens iniciais em municípios ao redor de Poços de Caldas e Caldas, como Cabo Verde, Muzambinho, Botelhos, Campestre no Sul de Minas e Caconde, divisa com o estado de São Paulo.