O Ceará enfrenta um grande abismo social: o 1% mais rico dos habitantes possui um rendimento médio mensal, em média, 21 vezes maior do que o dos 40% mais pobres. A informação foi divulgada na quinta-feira (8) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2024, enquanto essa parcela das famílias mais ricas recebeu, em média, R$ 12.123 por pessoa a cada mês, os mais vulneráveis sobreviveram com apenas R$ 581. Nesse estrato social, a renda per capita (por pessoa) pode partir de R$ 94 e atingir, no máximo, esse valor médio.
No Brasil, a diferença de renda entre os mais abastados e os mais pobres chega a 23,5 vezes; no Nordeste, essa disparidade é ainda maior, alcançando 24,3 vezes. O ganho mensal real de todos os trabalhos das pessoas ocupadas no Ceará foi de R$ 2.071, valor 35,7% inferior ao rendimento médio nacional de R$ 3.225.
O que esses números significam

O economista João Mário de França, professor do Programa de Pós-Graduação de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador da FGV IBRE, analisa que, embora se observe uma considerável desigualdade na distribuição de renda, o Índice de Gini para o rendimento domiciliar per capita no Ceará apresentou uma redução, indicando uma menor desigualdade.
O Índice de Gini é uma medida estatística, com variação entre 0 e 1; quanto mais próximo de zero, mais igualitária é a distribuição de renda. No Ceará, o índice caiu de 0,51 em 2023 para 0,49 em 2024, sinalizando melhora nesse aspecto, apesar da persistente disparidade nos extremos da distribuição de renda.
O economista e consultor Lauro Chaves, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), acrescenta que a desigualdade de renda extrema é um dos maiores desafios do Brasil e do Ceará.